Quebrar pratos

Outro dia eu passeava pelos Campos Elíseos quando ouvi uma discussão na parte de baixo. Curioso, fui verificar o que era. Pimba. Voa um prato sujo e cheio de sangue em minha direção. Ele saiu de uma janela, numa casa grande, com pilares altos e pomposos, grandes vidraças iluminavam o interior da casa, que mais parecia um palácio. Na hora imaginei que poderia ser a casa de algum rei que habita a Terra. Ainda não tenho certeza se era ou não. O fato é que ouvi muitas discussões pesadas, agressões morais e físicas e vi arremessos de pratos e muitas lágrimas. Como é estranho ser mortal. Senti a presença de Ares entre aqueles dois seres; um deles era verde, asqueroso, imundo, baixo, orelhudo, utilizava de palavras de baixo calão para ofender o rival, que era rosado, mais alto, orelhudo e todo limpo, utilizava palavras polidas, mas cheias de ódio.
É estranho ser diferente no ninho. Por isso apenas observo os pobres mortais, não meto o bedelho nas conversas ou na vida deles. Pelo que entendi alguém feriu os sentimentos do outro, fazendo valer a lei do mais covarde, quando o pior ser leva vantagem sobre o que tem mais princípios. Aqui no Olimpo chamamos de traição. Pois bem, foi uma traição então. As aparências simplesmente enganam esses seres. Por que não me surpreendo?
Ganhei uma pratada na cabeça, mas compreendi melhor (eu acho) a vida dos mortais que povoam a Terra. Voltei para meus Campos Elíseos, nos meus treinamentos...

Um comentário:

Vini Manfio disse...

as pessoas são estranhas
mas no mundo desses vermes
que são tão mortais quanto nós

traíções são como conversas entre amigos

tão comuns que passam despercebidas