Histórias do ViNícULa - E é tão legal...

-Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez - páh - agora sim, dez, onze, doze... cansei, depois eu continuo.

Sua rotina era assim. Contagens progressivas que geralmente ultrapassavam o doze até o qual chegou no trecho acima. Todos os dias ele levantava, agradecia à Deus a oportunidade da vida e de trabalhar em lugares onde ele poderia realizar seu sonho de infância: esmagar, matar e ainda cuspir em cima sem ser chamado de marginal.

Seu trabalho não era dos mais conhecidos, até porque só trabalhava no prédio onde morava. Pagavam todas suas contas em troca do seu raro, mas muito bem executado, serviço. Tantos produtos e aparelhos foram desenvolvidos entretanto nenhum conseguia ser melhor do que o Mariano "tapão na orelha".

Ele conseguia vivenciar o momento. Sentir o clima. O vento ou a brisa. Qualquer sopro. Tinha que ficar sozinho. Seu trabalho requeria concentração e silêncio quase absolutos. Mas o esforço para que isso fosse feito valia à pena.

E seus vizinhos diziam:
-Não tem ninguém como tu Mariano.
-Claro que não, ele é gente boa, trabalhador dedicado, voluntarioso.
-E ainda por cima deixa tudo limpo antes que a gente volte pra casa.

Ah... os elogios não eram nada.

Ele matava, esmagava, pisava e depois de mortos, cuspia em cima.

Sua profissão? Caçador de pernilongo(mosquito).

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