Uma relação magnética

Antes que alguém pense que escreverei sobre relações entre pessoas, animais ou imãs, de antemão digo, é sobre a minha relação com a música. Qualquer música serve? Não leitor, estou falando da música mesmo. O que seriam das minhas lembranças sem o som ritmado que emana de algum lugar na hora em que estou vendo as ações passaram nos meus olhos? É o que me faz lembrar de muita coisa, é o que constrói o que acho bom e o que acho ruim, é mais do que apenas notas dispostas numa tablatura, mais do que cordas numa guitarra, mais do que qualquer nome que seja associado com música, é praticamente o ingrediente essencial numa poção mágica, que tele-transporta o espectador (anteriormente atuante) nos mais profundos sentimentos, sejam eles sensatez ou loucura, raiva ou paixão, tolerância ou descontrole, sejam os sentimentos que forem, a música é que me leva a viver novamente, a despertar do sono, da escuridão, do nada.
A música atrai. Por si, é uma frase auto-explicativa, mas não seria justo esconder meus motivos sobre o excerto anterior. Não estou também falando de pessoas, que são atraídas por barulhos que saem das cornetas dos porta-malas em uma praça, ou de um show (show?). As pessoas vão lá porque têm outros motivos. O que faz a música ser magnética é a capacidade de unir coisas distintas, opostas, como um sentimento esquipático de sair correndo às 3 da manhã, só porque ouvi Bullet with Butterfly Wings - The Smashing Pumpkins, quando na verdade todos estão repousando. É o oposto que se atrai.
Outra maneira com que faz que a música atraia, é a lembrança que veio em mente, pelo fato de ter ouvido alguma coisa. Quantas vezes já ouvi qualquer pedaço de música, mesmo que seja uma parte que só eu ouvi, aqui na minha mente insana, e que me remete a uma cena do passado, como andar de bicicleta na antiga calçada, às 2 horas da tarde, de uma segunda, no verão de 1995, ou mesmo sentir o cheiro de alguma coisa e lembrar de uma música, como pipoca na panela, começa com sal, ou pizza com guaraná e ainda, ser atraído a lembrar de coisas que aconteceram enquanto se ouvia aquela música específica e mesmo, apenas não conseguir trocar de música no player, ouvir sempre a mesma, por algum tempo, só pra sentir um gosto de quero mais.
Existe música que faz com que o ambiente fique diferente. O quarto, antes tão estranho, agora parece um palco e a música flui em todos os sentidos, em todos os lugares, em todos os quatro cantos do mesmo quarto, antes tão estranho. Quando a música acaba, tudo muda. Nem eu sou mais o mesmo. Mudei minha futura atitude premeditada por outras ações, pelo simples fato de ouvir uma música que me fazia sentir comodidade de espírito.
Infelizmente, tenho um grande problema com a música. Ela também me faz ficar afastado, e não é do som (ruído) das praças, repletas da carros-boates, com Djs de péssimo gosto musical, ou dos shows (shows????) de conjuntos de comportamento duvidoso. Falo do meu problema com a música mesmo. Por mais que eu goste muito de reviver lembranças, sejam elas ótimas ou mesmo as péssimas, eu não consigo estar em harmonia com ela. É tão difícil que estou enrolando aqui no texto por não saber escrever uma, ou mais palavras, que definam esse sentimento. É uma raiva-vergonha que explode numa supernova em busca de espaço na ponta de um alfinete. Eu tinha (não era meu propriamente) um lugar em que quase esquecia desse problema, mas os problemas alheios, e ao mesmo tempo tão pertos, me afastaram desse lugar. Mesmo assim, eu ainda estava preso à muitas coisas, e a música raras vezes fluiu como deveria. Eu não conseguia domar, mas sim, estava domado à música, estava interligado ao que ela necessitava naquele momento. Eu era o mineral de força mais fraca sendo afetado pela força maior. Quando extravasei essa força, consegui atingir o ápice de muitas coisas boas. É a relação mais estranha que posso tentar descrever com palavras. Talvez com música, um dia, tudo isso seja explicável. Ou uma noite.

6 comentários:

Bruna Vidal disse...

São 3:46hs e eu desisti, lá por agosto de 2008, de tentar ler todos os posts do blog. Mas se eu cheguei até é porque gostei muito, muito mesmo. Me declaro a nova fã do Tosco por ser tosco - como se isso significasse alguma coisa.
Enfim, parabéns. Continuem escrevendo, etc e tal.

Abraços.

Lelli Ramz disse...

Olá!!

E é assim a vida com trilha sonora, a gente canta... se emciona.. e até escreve a partitura!

bjinhus

Lelli

Anônimo disse...

música não precisa necessariamente ter uma partitura para existir
os ruídos que eu solto enquanto imagino uma música não fazem uma música, mas acabam sendo uma música, a minha música, sem partitura alguma
sem teoria alguma

mas cheio de vontade
de lembrar
e relembrar
coisas boas, ou as vezes nem
do passado
e do presente, recente ou futuro

bem bom isso aqui

Vini Manfio disse...

um anônimo que não xingou, não falou merda e nem fez qualquer comentário estúpido
um milagre aconteceu aqui
algo mudou


bom

eu não comentei quando li
aí li novamente, mas por cima só, porque já é tarde e eu vou me... despedir?

viu só
qualquer coisa lembra uma música para mim também

por si só
acho que esse é o efeito que a leitura do texto trouxe para mim

Vini Manfio disse...

era para ter comentado com esse perfil

paciência

silvana disse...

Oi!
Não sei me espressar,com palavras
como você,mas me identifiquei com
seu texto,em muitas situações na minha vida,a música me fez companhia,minha fiel companheira.
ela muda meu humor,faz o meu dia melhor,me faz chorar,rir,amar,o importante é que ela me faz sentir,sentir a vida,minhas emoções.Não saberia viver sem trilha sonora.
bjs e desculpe se tiver falado alguma besteira,só me abri.