Histórias do Tosco(5)

Ele saiu de casa querendo mudar o mundo. Começou ajutando lixo do chão e jogando nas lixeiras. Mas isso era pouco. Decidiu ligar para alguns amigos e conseguiu, junto com eles, organizar um mutirão para reciclar e re-utilizar todo o lixo da cidade. A cidade agora estava limpa e ganhava dinheiro recliclando lixo. 

Mas era pouco. 

Decidiu investir na bolsa e ganhou dinheiro. Dividiu tudo com seus amigos. Agora todos eles, e todos na cidade, tinham dinheiro suficiente para limpar o nariz com nota de dois reais.

Mas era pouco.

Então ele pensou em acabar com a fome no mundo. Começou a plantar bergamoteiras feito louco, misturou plutônio com esterco de pomba e criou o mais eficiente adubo. As bergamoteiras cresciam em questão de dias. E ele vendia para a ONU, que repassava para os países pobres de África, Ásia e América Central. Show de bola. Ninguém mais passava fome no mundo.

Mas era pouco.

Ele se preocupou com a vida na terra, efeito estufa e afins. Então fundiu um punhado de coisa, dentre elas o oxigênio, em um acelerador de partículas e conseguiu produzir ozônio. Fez uma coisa louca e jogou esse ozônio na camada de ozônio, tapando todos os seus buracos e, de quebra, acabando com todos os gases sulfônicos e afins que se encaminhavam para lá.

Mas era pouco. Para ele era pouco.

Achou a cura para todos os tipos de câncer, para a AIDS, para todos os tipos de doenças degenerativas. Ele era gênio e isso foi conseguido enquanto ele comia seu sucrilhos matinal.

Mas era pouco.

Por não ter mais o que fazer, decidiu tentar viajar no tempo. E conseguiu.

Ninguém, nunca mais, soube dele. Ele sumiu no tempo. Em outra dimensão talvez. E tudo o que ele fez de bom desapareceu. E o mundo voltou a ser uma merda.

E essa não é a minha, a sua, ou a história de ninguém.